De acordo com os diferentes lugares e culturas onde se plantaram as primeiras igrejas, cada uma delas no Novo Testamento teve suas peculiaridades. A igreja de Corinto, por exemplo, não era igual a igreja de Éfeso, nem a de Roma. De certo que cada uma variava em detalhes de importância secundária, como o tempo de duração da reunião, o tamanho do local onde se reuniam, a quantidade de colaboradores (diáconos) etc. As Epístolas também nos deixam claro que cada congregação necessitava de uma ênfase de ensino em diferentes épocas de sua vida. Mas o que não deixa margem para dúvidas é que o Novo Testamento dita o modelo de uma igreja verdadeira. Continue lendo
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Menos é mais: Martinho Lutero sobre a vida cristã – Carl Trueman
Uma das coisas impressionantes da visão de Martinho Lutero sobre a vida cristã é a sua absoluta simplicidade. Ao se opor a piedade medieval, com suas múltiplas ordens sagradas, suas penitências e peregrinações, Lutero apresentou um Cristianismo para todos. E contra o pano de fundo da sua própria psicologia complicada e escrupulosa, ele descobriu a paz que vem direto da suficiente ação salvadora de Deus no Cristo crucificado. Se Agostinho libertou a igreja da piedade auto-martirizante de Pelágio, Lutero a libertou de séculos de complicações ofuscantes.
Veja sua compreensão das fontes da salvação, por exemplo: Cristo ofertado na Palavra pregada, Cristo ofertado no batismo e na Ceia do Senhor. Ouvir, lavar e comer: três das atividades humanas mais básicas e cotidianas que não exigem nenhum talento especial. Atividades que transcendem todas as categorias humanas das quais nos importamos em criar para tornar as coisas mais complicadas, seja com base na idade, classe, etnia, etc.
Uma vida cristã fundamentada nas simples ferramentas estabelecidas nas Escrituras pode muito bem rebater a estética de um mundo em detrimento do espetacular e inovador, mas, no entanto, surge de um dos aspectos mais poderosamente graciosos do ensino bíblico na salvação: Deus não faz acepção de pessoas. Lutero viu isso claramente: Deus considera a humanidade como os que estão “fora de Cristo” e sujeitos às penalidades da Lei, ou os que estão “em Cristo” e, portanto, se beneficiam de Sua pessoa e trabalho. A questão-chave para os cristãos – e, portanto, para os que estão no ministério pastoral – era simplesmente de como alguém pode se unir a Cristo.
Para Lutero, a resposta era simples: pela fé agarrando-se na promessa de Cristo oferecida em sua Palavra e sacramentos. Assim, o chamado do ministério foi moldado de forma mais profunda pelo fato de que que eram essas as ferramentas que precisam ser usadas. E a vida individual de cada cristão é moldada do mesmo jeito significativo ao darmos a devida atenção para essas duas coisas. Ao passar pelo prumo da simplicidade e objetividade neste ponto, todo o resto é revelado como uma simples confusão – uma bagunça que escurece ou distrai da coisa real.
Ler Lutero pode ser muito libertador. Muitas pessoas que lutam sob o peso de seu próprio pecado e de suas próprias tentativas de alcançar a Deus, foram libertas pelo seu discernimento de que o evangelho é a boa notícia do que Deus fez por nós, e não do que nos exige que façamos para Ele.
A Pior Consequência de Faltar à Igreja – Tim Challies
Como Spurgeon Organizava sua Semana?
Em cinquenta e sete anos, Charles Spurgeon realizou três vezes mais do que se pode fazer em uma única vida. Toda semana, ele pregava de quatro à dez vezes, lia seis livros grossos, revisava sermões para publicação e palestras, e editava uma revista mensal[1]. Em seu tempo livre, ele escreveu aproximadamente 150 livros. Spurgeon pastoreou a maior mega-igreja Protestante do mundo, o Tabernáculo Metropolitano, construído em 1861 (ele conhecia todos os 6000 membros pelos nomes), dirigiu uma escola teológica chamada “Colégio de Pastores”, coordenou um orfanato e supervisionou sessenta e seis instituições de caridade.
“Eu queria poder dizer que não desperdiçamos nem uma hora do nosso tempo, nem uma hora de tempo de outras pessoas” – Spurgeon
Spurgeon foi também um marido e pai que nunca sacrificou sua família no altar do ministério. Então, como o Príncipe dos Pregadores organizava sua semana? Aqui está um exemplo de como foi a agenda diária de Spurgeon: essa agenda foi organizada com informações de sua autobiografia[2]
Segunda-feira
– Acordar cedo, revisar a transcrição do estenógrafo do sermão de ontem[3].
– Escrever / ditar cartas e correspondência pessoal
– Após o almoço, completar a revisão do primeiro rascunho do sermão e enviar para a impressão
– 17:30 às 19:00 – liderar culto de oração no Tabernáculo
– Conduzir entrevistas para adesão no Tabernáculo
– Pregar no culto opcional da noite
Terça-feira
– Acordar cedo, revisar o segundo rascunho do sermão
– Até 11:00 da manhã, completar a revisão do segundo rascunho e enviar sermão para a impressão
– Escrever / ditar cartas e correspondência pessoal
– Almoço. Pesquisa / escrever livros, artigos das revistas e outros trabalhos literários
– Tarde. Cuidado pastoral / aconselhamento no Tabernáculo
– Fim de tarde, presidir sociedades internas do Tabernáculo e instituições de caridade
Quarta-feira
– Celebrar o “tão necessário” Shabbat de meio da semana
– Gastar tempo com Susannah, Charles e Thomas
– Meditação no jardim ou leitura de estudo
– Relaxar
Quinta-feira
– Acordar cedo, escrever / ditar cartas e correspondência pessoal
– Comece a pensar em selecionar um texto das Escrituras para o sermão da noite
– Tarde – escrever / editar livros e outros projetos literários
– Completar a revisão final do sermão de domingo de manhã e enviar para publicação / distribuição[4]
– Após o jantar, começar a preparar o sermão para o serviço noturno
– 18:00 as 19:00, pregar no culto noturno na sala de aula do Tabernáculo
Sexta-feira
– Acordar cedo, preparar a palestra sobre pregação para os alunos do Colégio de Pastores
– 15:00 as 17:00, palestrar por duas horas no Colégio.
– Entrevista / mentoriar estudantes depois
– 19:00 assistir à reunião de negócios no Tabernáculo
Sábado
– Café da manhã, depois trabalhar com o secretário na revisão / edição de livros para publicação
– Resolver com secretário projetos pendentes para a semana
– Tarde, receber convidados no jardim se o clima for favorável
– 18:00 despedir convidados após o jantar
“Agora, queridos amigos, devo despedi-los deste estudo; Vocês sabem a quantidade de galinhas que tenho para depenar, pois eu quero dar uma boa refeição amanhã”
– 10:00 as 12:00, Prepare o sermão de amanhã:
– Selecione o texto da Escritura
– Peça à esposa para ler o texto das Escrituras em voz alta
– Mentalmente divida o sermão em pontos de ruptura naturais enquanto lê
– Rabiscar divisões em uma meia folha de papel em tinta roxa
Domingo
– Acordar cedo, dirigir até o Tabernáculo (15-20 minutos de viagem)
– Fumar um charuto “para a glória de Deus”
– Chegar 30 minutos antes do culto
O Culto de Adoração começa
– Chamada para adoração / anúncios
– Cantar congregacional do nosso próprio Hinário (apenas vozes, sem órgão)
– Ler o texto das Escrituras enquanto oferece exposições extemporâneas em seu contexto
– Comece a pregar o sermão (43-45 minutos, não mais)
– Beber vinagre de pimenta se a garganta ficar irritada
– Concluir o culto (sem apelo de altar, mas “salas de consulta” disponíveis)
Tarde, cumprimentar os visitantes na sacristia.
No final da tarde, viajar para casa de “Westwood” em Beulah Hill, em Norwood
Começar a preparação do sermão para o culto evangelístico da noite
Pregar o sermão no Tabernáculo
Voltar para casa e descansar para a semana
Uma Palavra Final
Certa vez, o missionário na África, David Livingstone perguntou à Spurgeon:
“Como você consegue fazer tantas coisas em um só dia?”
Spurgeon respondeu:
“Você esqueceu, que há DOIS de nós trabalhando?”
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[1] A “The Sword and the Trowel”
[2] Devemos considerar essa agenda somente um exemplo, pois alguns eventos nela são exceções. Provavelmente ela é uma organização arranjada pelo autor desse artigo, não é literal.
[3] Essa revisão era do sermão do domingo de manhã. O Sermão do domingo de noite era arquivado, o que provocou que depois da morte de Spurgeon existisse um estoque de sermões inéditos para publicação que durou de 1892 à 1917.
[4] A publicação dos sermões de domingo de manhã acontecia na quinta feita
FONTE: http://www.spurgeon.org/resource-library/blog-entries/how-spurgeon-scheduled-his-week
TRADUÇÃO: Paulo Cunha Junior
REVISÃO e notas: Armando Marcos
A plenitude em Cristo, NÃO no casamento – Davi Dunham
Grande parte do mundo moderno desenvolveu uma verdadeira resistência , e até mesmo um desagrado, ao matrimônio. O matrimônio comprometido, perpétuo e monogâmico é ridicularizado, desprezado e criticado amplamente. Talvez em resposta a essa reação cultural, os cristãos tendem a exagerar e até mesmo idolatrar o casamento. Temos convertido algo bom em algo grande demais. Isso é particularmente evidente na crença popular de que um cônjuge nos “completa”. Seu cônjuge, no entanto, não o completa, Jesus sim o completa. Continue lendo
A Intercessão dos Santos segundo o catolicismo romano e algumas breves refutações – Armando Marcos
A Intercessão dos Santos segundo o catolicismo romano e algumas breves refutações.
No último mês de maio de 2017 foram canonizados pelo Papa Francisco os pastorzinhos Francisco e Jacinta. Esses irmãos teriam recebidos revelações diretas de Nossa Senhora no povoado de Fátima, Portugal, em 1917, e por meio da intercessão feita para eles, realizaram milagres após a morte, o que levou à canonização. Segundo a igreja Católica romana, a partir de agora eles alcançaram as “honras dos altares”, podem ser lembrados na liturgia da missa e os cristãos podem rogar para que eles intercedam pelos vivos diante de Deus por Cristo. Isso tudo na linguagem mais culta, pois no catolicismo popular os dois agora fazem parte do grupo de santos intercessores, mas eficazes que o próprio Jesus, aparentemente. Continue lendo
Qual é o apelo do Catolicismo Romano? – Tim Challies
Priorize Sua Igreja – Tim Challies
Alguns anos atrás, minha esposa Aileen e eu entramos em uma academia pela primeira vez. Nós estávamos fora de forma, determinados a fazer alguma coisa sobre isso, e tivemos a sensação de que uma academia era o lugar certo. Falamos com o gerente do clube, arranjamos um horário e passamos por uma avaliação de uma hora. Ele então designou para nós um treinador, que nos assegurou que nos ajudaria a derreter alguns quilos e a colocar um pouco de músculo no lugar. Realmente funcionou! Trabalhamos com nosso treinador, seguimos seu plano, e logo percebemos nossos corpos respondendo da maneira que esperávamos. Continue lendo
Teologia Centrada no Evangelho Antes da Reforma Protestante – Gavin Ortlund
Em anos recentes tem havido um movimento marcante de evangélicos se convertendo para o Catolicismo Romano e a Ortodoxia Oriental. Esta tendência incluiu não só evangélicos mais jovens, destreinados, mas pastores e professores bem estabelecidos e até um presidente da Evangelical Theological Society. Embora as causa deste fenômeno são, sem dúvida, complexas e diferentes em cada caso individual, uma razão frequentemente citada é o senso de enraizamento histórico que estas tradições oferecem. Assim, no site Por Que Eu Sou Católico (Why I’m Catholica), um ex-batista narra sua conversão ao catolicismo romano em termos da sua paralela descoberta da história da igreja; em Chamado à Comunhão (Called to Communion), um ex-presbiteriano equipara sua aceitação ao Catolicismo Romano com a aceitação do “Cristianismo histórico”; e em Jornada à Ortodoxia (Journey to Orthodoxy), um ex-anglicano descreve quão abençoado ele se sente em adorar em direta sucessão com os apóstolos através da liturgia da Igreja Ortodoxa Oriental. Continue lendo
Porque não sou Católico Romano? – Tim Challies
Por Tim Challies
Na semana passada comecei uma nova série intitulada “Por que eu não sou…” e nesta série estou explorando algumas das coisas que eu não acredito como um meio de explicar o que eu acredito. No último artigo expliquei por que não sou ateu e agora quero explicar por que não sou católico romano. O momento deste artigo não é planejado, mas sim apropriado. Eu publico hoje de Orlando, Flórida onde eu estou apreciando algum tempo no Ministério Ligonier, o ministério fundado há muitos anos pelo Dr. R.C. Sproul. De forma muito importante, a resposta à pergunta “Por que não sou católico romano?” É “R.C. Sproul.” Mas eu estou me adiantando. Continue lendo
Sua Igreja tem fantasmas? – Ronaldo Vasconcelos
por Ronaldo Vasconcelos
As igrejas estão cheias de fantasmas!
Mas calma, você não precisa sair correndo, essa não é uma história de terror, apesar de ter um certo drama. Quando falo de “fantasmas” não estou falando daquele que você tem em mente, mas de um outro tipo, menos reconhecível, porém mais presente. São aquelas pessoas que estão ausentes, que parecem ter “morrido” na comunhão da igreja, mas que são tratadas como fantasmas, porque não estão ali, mas todo mundo finge que está. Continue lendo
LUTO: Faleceu o irmão Allan Román, tradutor dos sermões de Spurgeon ao espanhol
Armando Marcos, fundador e editor de Projeto Spurgeon
Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto? João 11:23-26
Hoje ao entrar no site que é a fonte dos sermões em espanhol de nosso Projeto e o site que o Senhor usou para nos inspirar na criação desse trabalho, deparei-me com uma tarja de luto na entrada principal do site, e nem precisava entrar para saber o que era. O irmão Allan Roman finalmente passou ao Senhor no último dia 7 de novembro; traduzi o informe do site (você pode ler logo depois de meu texto abaixo, em vermelho) Continue lendo
O Evangelismo Trinitariano – Walter McAlister
Walter McAlister
O que é evangelismo? Todo cristão tem uma ideia sobre o que seja o ato de evangelizar e sabe que essa é uma ação que devemos praticar. Agora, vamos refletir sobre a que de fato estamos nos referindo quando falamos sobre isso. Evangelizar é o ato de trazer alguém para a Igreja? É a afirmação pública de que somos cristãos? É a entrega de um panfleto na praia? O que é, afinal? Continue lendo
O Papado – uma heresia

Algumas pessoas pensam que somos muito graves e de censuráveis, quando chamamos o Anticristo pontífice romano. Mas aqueles que são desta opinião não consideram que eles trazem a mesma carga de presunção contra o próprio Paulo, de quem falamos, e cuja língua que adotamos. E para que ninguém se oponha, que pervertem indevidamente ao pontífice romano as palavras de Paulo, que pertencem a um assunto diferente, vou brevemente mostrar que eles não são capazes de qualquer interpretação diferente da que implicá-los para o papado (John Allen tradução livro, quatro, capítulo sete).
Papado em qualquer lugar, seja Anglicano ou Romano, é contrário ao Evangelho de Cristo! E é o Anticristo, e devemos orar contra ele! Essa deve ser a oração diária de cada crente que o Anticristo possa ser arremessado como uma pedra de moinho no dilúvio e afundar para não subir mais. Devemos orar contra o erro para com Cristo, porque ele rouba Cristo de Sua glória, porque coloca a eficácia sacramental no lugar de Sua expiação e levanta um pedaço de pão no lugar do Salvador, e algumas gotas de água no lugar do Espírito Santo, e coloca um mero homem falível como nós como se fosse o Vigário de Cristo na terra. Devemos orar por ele, pois devemos amar as pessoas mesmo odiando os seus erros! Vamos amar suas almas embora nós detestemos os seus dogmas, e assim o sopro de nossas orações será adoçado porque voltamos nossos rostos para Cristo quando oramos.
Cristo não redimiu Sua igreja com o Seu sangue para que o papa pudesse entrar e roubar a glória. O Papa nunca veio do céu para a terra e derramou seu coração para que Ele possa comprar o seu povo, de modo que um pobre pecador, um homem simples possa ser definido em alta admiração por todas as nações e de se chamar o representante de Deus na terra! Cristo sempre foi o cabeça de Sua igreja.
LEiA o sermão de C.H.Spurgeon “O Cabeça da Igreja” no Projeto Spurgeon
Manjares perigosos – Arthur Pink
“Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti” (Pv 23:1).
Supõe-se que este verso tem pouca ou nenhuma aplicação para muitos de nossos leitores, visto como não há quase ninguém que possa vir, algum dia, a ser convidado para jantar com o presidente dos Estados Unidos ou com o rei da Grã-Bretanha. Infelizmente esse é o tipo de pensamento que pode encontrar lugar na mente de qualquer cristão. Infelizmente essa é a tendência de carnalizar a Palavra de Deus que é agora tão generalizada. Infelizmente esse é o [verso] que nossos intérpretes espirituais dos Oráculos Divinos têm quase banido da terra. Mas ainda que não haja um professor ungido para abrir as Escrituras, não deveria ser auto-evidente que o Espírito Santo nunca teria colocado um verso como este na Palavra se não possuísse aplicação para todos os do povo de Deus? E não deve esta mesma consideração nos levar a buscar em oração seu significado oculto?
“Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti”. Há outros “governantes” mencionados nas Escrituras, além dos civis. Não lemos sobre o “principais da congregação” (Êx 16:22), o “chefe da sinagoga” (Lc 8:41), bem como dos “dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 6:12)? Perceba que nem todos os “chefes” da cristandade hoje foram escolhidos por Deus. De fato, longe disso. Pessoalmente o escritor duvida muito que dois a cada mil dentre os pregadores, ministros, e missionários, por todo mundo, foram chamados por Deus! Muitos deles se auto-indicaram, alguns foram enviados por homens, a maioria cresceu sobre a tutela de Satanás. O leitor atento dos Velho e Novo Testamentos perceberá que o número dos falsos profetas, em todas as eras, superavam em muito o número dos verdadeiros. É por essa razão que Deus nos ordena a “não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (I Jo 4:1). Por isso a admoestação dada em Provérbios 23:1 tem sempre sido atual para o povo de Deus prestar muita atenção, e talvez nunca tenha sido tão necessário dar um alerta sobre isso do que neste tempo apóstata e degenerado em que todos nós fomos lançados.
A pregação que ouvimos, e que em certa medida é absorvida, tem precisamente o mesmo efeito sobre nossas almas, assim como a comida que comemos tem efeito sobre nossos corpos: se for saudável, é nutritivo; se danosa, nos fará mal. “Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti”. É uns fatos trágicos que muitos dos próprios filhos de Deus são tão pouco espirituais, e tão ignorantes espiritualmente, que eles mal sabem como “atentar bem” o que está “diante deles”. Eles não sabem quais testes usar, nem como examinar o que ouvem. Se o pregador for “ortodoxo” e aprovado por aqueles que ele mesmo considera “sadios na fé”, eles pensam que sua mensagem deve estar correta. Se o pregador apenas crê nos “fundamentos” da fé, eles creem que deve ser um verdadeiro servo de Deus. Se o pregador se achega à letra das Escrituras, eles imaginam que suas almas estão sendo alimentadas com o verdadeiro leite da Palavra. Que tristeza a credulidade de tais almas desavisadas.
O leitor está prestes a perguntar, “Mas que outros testes devemos aplicar?” Vamos ajudá-lo a responder sua própria pergunta ao perguntar outra. Que critérios você aplica à comida material que você come? Você se satisfaz se ela foi preparada e cozida conforme os melhores livros de culinária? Claro que não. O principal é, o que sua comida produz? Ela satisfaz ou incomoda seu sistema digestivo? Ela promove ou ataca sua saúde? Nós concordamos, não? Muito bem, agora aplique a mesma regra ou teste à comida espiritual – ou, deveríamos dizer, mais acuradamente, a comida “religiosa” – que você está saboreando; que efeito ela está tendo sobre seu caráter e conduta, o que está produzindo no seu coação e na sua vida? Mas não devemos parar aí com uma mera generalização. Se as almas precisam de ajuda hoje, o servo de Deus deve ser preciso, e entrar em detalhes. Pondere cuidadosamente estas questões, querido leitor.