Como Meditar na Paixão de Cristo – Sermão – Lutero

Como Meditar na Paixão de Cristo

Por Martinho Lutero,

Monge agostiniano e reformador

Em 1519

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  1. Formas equivocada de meditar na paixão de Cristo

Algumas pessoas meditam na paixão de Cristo e se iram com os judeus. Cantam e falam muito sobre Judas. Só fazem o de sempre. Gostam de se queixar dos demais. Passam todo seu tempo condenando seus inimigos. Suponho que esse é um tipo de meditação, mas não é uma meditação sobre o sofrimento de Cristo, antes, somente uma meditação sobre a maldade dos judeus e de Judas.

Outras pessoas gostam de falar do beneficio de meditar na paixão de Cristo mas não entendem do que isso se trata. Algo que Alberto[1] disse pode ser muito enganoso: Pensar na Paixão é melhor do que jejuar o ano todo e rezar os salmos todos os dias. Alguns cegamente o seguem, e tomam seu comentário no sentido literal, e logo atuam contrariamente à Paixão de Cristo. Só buscam seus próprios interesses, tratando de evitar fazer outras coisas. De forma supersticiosa, se adornam com imagens e livretos, cartas e crucifixos. Outros até imaginam que fazendo essas coisas estão protegendo-se contra afogamentos, queimaduras, contra a espada e toda classe de perigos. Tratam de usar os sofrimentos de Cristo para evitar que algum sofrimento venha sobre suas vidas, o qual, óbvio, é totalmente contrário a como a vida é na realidade.

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Menos é mais: Martinho Lutero sobre a vida cristã – Carl Trueman

Uma das coisas impressionantes da visão de Martinho Lutero sobre a vida cristã é a sua absoluta simplicidade. Ao se opor a piedade medieval, com suas múltiplas ordens sagradas, suas penitências e peregrinações, Lutero apresentou um Cristianismo para todos. E contra o pano de fundo da sua própria psicologia complicada e escrupulosa, ele descobriu a paz que vem direto da suficiente ação salvadora de Deus no Cristo crucificado. Se Agostinho libertou a igreja da piedade auto-martirizante de Pelágio, Lutero a libertou de séculos de complicações ofuscantes.

Veja sua compreensão das fontes da salvação, por exemplo: Cristo ofertado na Palavra pregada, Cristo ofertado no batismo e na Ceia do Senhor. Ouvir, lavar e comer: três das atividades humanas mais básicas e cotidianas que não exigem nenhum talento especial. Atividades que transcendem todas as categorias humanas das quais nos importamos em criar para tornar as coisas mais complicadas, seja com base na idade, classe, etnia, etc.

Uma vida cristã fundamentada nas simples ferramentas estabelecidas nas Escrituras pode muito bem rebater a estética de um mundo em detrimento do espetacular e inovador, mas, no entanto, surge de um dos aspectos mais poderosamente graciosos do ensino bíblico na salvação: Deus não faz acepção de pessoas. Lutero viu isso claramente: Deus considera a humanidade como os que estão “fora de Cristo” e sujeitos às penalidades da Lei, ou os que estão “em Cristo” e, portanto, se beneficiam de Sua pessoa e trabalho. A questão-chave para os cristãos – e, portanto, para os que estão no ministério pastoral – era simplesmente de como alguém pode se unir a Cristo.

Para Lutero, a resposta era simples: pela fé agarrando-se na promessa de Cristo oferecida em sua Palavra e sacramentos. Assim, o chamado do ministério foi moldado de forma mais profunda pelo fato de que que eram essas as ferramentas que precisam ser usadas. E a vida individual de cada cristão é moldada do mesmo jeito significativo ao darmos a devida atenção para essas duas coisas. Ao passar pelo prumo da simplicidade e objetividade neste ponto, todo o resto é revelado como uma simples confusão – uma bagunça que escurece ou distrai da coisa real.

Ler Lutero pode ser muito libertador. Muitas pessoas que lutam sob o peso de seu próprio pecado e de suas próprias tentativas de alcançar a Deus, foram libertas pelo seu discernimento de que o evangelho é a boa notícia do que Deus fez por nós, e não do que nos exige que façamos para Ele.

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O Presente de Deus – um sermão sobre João 3:16 – Martinho Lutero

Sermão pregado pelo Reformador

Martinho Lutero

Em 25 de maio de 1534

Para a Segunda-Feira do Pentecostes

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“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”

 

João 3:16

 

 

A boa nova para um mundo pecador.

 

Esse é, sem dúvida, um dos mais sublimes trechos evangélicos do Novo Testamento. Se fosse possível, teríamos que a gravá-lo em nossos corações com letras douradas, e todo cristão teria que se familiarizar com essas palavras e recitá-las em sua mente pelo menos uma vez ao dia, para conhecê-las bem de memória. Ali se escutam palavras que se forem cridas robustamente, conferem ao triste alegria, e ao morto, vida. Não podemos compreendê-las todas, não obstante, queremos confessá-las com a boca e rogar que o Espírito as transfigure em nosso coração e as faça tão luminosas e ardentes que penetrem até o mais profundo de nosso ser. É verdadeiramente um Evangelho de grande riqueza, repleto de consolo. “Deus amou ao mundo”, e o amou de tal maneira “que deu a seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” O que isso significa, o ilustrarei com um quadro em que veremos por um lado ao doador, e por outro, o receptor, e alem disso, o presente, o fruto e o proveito do presente, e tudo isso em  uma dimensão indizivelmente grande. Continue lendo

A Necessidade do Novo Nascimento – Martinho Lutero

Sermão pregado pelo Reformador

Martinho Lutero

Para o Domingo da Santíssima Trindade de 11 de junho de 1536

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Havia um homem dos fariseus que se chamava Nicodemos, um principal entre os judeus. Este veio a Jesus de noite e lhe disse: “Rabi, sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade te digo se o homem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus”. Nicodemos lhe disse: “Como pode um homem nascer de novo sendo velho? Pode por acaso entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?”Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não poderá entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes do que eu te disse: é necessário nascer de novo. O vento sopra onde quer e se ouve o seu som; mas ninguém sabe de onde vem e nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. Perguntou-lhe Nicodemos: “ Como pode acontecer isso?” Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre de Israel  e não sabe disso? Em verdade, em verdade te digo que aquilo sabemos falamos, e aquilo que temos visto testificamos, mas vós não recebeis o nosso testemunho. Se eu vos tenho dito coisas terrenas e não acreditastes, como acreditareis se eu vos falar das celestiais? Ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, o Filho do Homem, que está no céu. E assim como Moisés levantou a serpente do deserto, é necessário que o filho do homem seja levantado para que todo aquele que Nele crer, não se perda, mas tenha vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que Nele crer não se perda, mas tenha vida eterna”.

 

João 3:1-16

COMO ALCANÇAR A SALVAÇÃO, a pergunta principal da humanidade

Hoje ainda não lhes foi explicado o Evangelho. Escreve o evangelista São João que certo fariseu de nome Nicodemos veio ao Senhor de noite e teve com ele uma conversa, e Cristo, de sua parte, lhe pregou um sermão para aquele homem piedoso que realmente ele não sabia que fazer com ele: quanto mais o ouvia, menos o entendia.

Sobre essa historia se prega todo ano. Mas como hoje o momento novamente é propício, falaremos mais uma vez sobre ela. Desde que o mundo existe, os sábios que existem nele se perguntam: “De que modo se pode alcançar a justiça e a bem-aventurança?” Essa questão se discute desde quando há homens na terra, e continuará sendo discutida até que o mundo chegue a seu fim. Ainda nos nossos dias atuais pode-se ver com quanto ardor debatemos esse assunto. Todos crêem estar em condições de emitir um juízo, porém, com seu juízo, revelam sua ignorância. Esta mesma questão, como nos informa o Evangelho para o dia de hoje, Cristo a tratou com um homem que, falando nos términos da lei judaica, era uma pessoa corretíssima e muito instruída.

Aquele homem quer discutir sobre aquilo que devemos fazer e como devemos viver para sermos salvos, e espera que Cristo lhe dê uma resposta. “Porque tu” ele diz, “és mestre vindo de Deus, pois os sinais que tu fazes vão além da capacidade de qualquer ser humano. Nós os fariseus ensinamos, no campo do espiritual, a lei de Moisés. Opinas tu que há algo melhor que possa nos recomendar?” Surge assim na discussão entre ambos a pergunta sobre as obras, ou seja, a vida perfeita – a pergunta que inquieta aos homens de todas as gerações.

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