A Sagrada Escritura ensina que Jesus nasceu da virgem Maria. Esta é a doutrina do nascimento virginal – ou, para ser mais preciso, da concepção virginal. Este ensinamento encontrou objeções ao longo dos anos e há boas respostas para cada uma delas.
Objeção nº 1: As pessoas daquela época acreditariam em qualquer coisa.
Esta objeção pressupõe a credulidade dos povos antigos quando se trata de ter filhos. Alguém poderia dizer: “As pessoas daquela época não sabiam de nada e estavam dispostas a acreditar em coisas como um homem nascido de uma virgem”. A ideia na mente do cético é que o mundo antigo era simplesmente não científico, e nós, pessoas iluminadas, sabemos que não devemos acreditar em mitos e histórias tolas sobre coisas como uma virgem dando à luz.
Embora certamente houvesse crenças falsas no mundo antigo devido à ignorância científica, a forma como os bebês eram feitos não era uma delas. Até os Evangelhos falam sobre a reação de José à gravidez de Maria. Ele não assume inicialmente uma concepção virginal. Ele assume sua infidelidade sexual. A única razão pela qual Maria reivindicaria uma concepção virginal é o seu compromisso com a verdade, e apenas uma razão convincente convenceria José da concepção virginal. De acordo com Mateus 1 e Lucas 1, uma explicação angélica foi suficiente para Maria e para José.
Objeção nº 2: Sabemos que um bebê não pode ser concebido virginalmente.
Exatamente. Todos nós sabemos disso, e é por isso que foi tão surpreendente quando aconteceu. Os cristãos insistem que a concepção virginal de Jesus no ventre de Maria é sobrenatural. Os mecanismos naturais não realizaram a concepção no ventre de Maria. Deus realizou um milagre e Maria ficou grávida.
As pessoas que se opõem à noção milagrosa da concepção virginal precisam considerar se têm objeções ao milagroso em outras partes das Escrituras. A Bíblia está cheia das maravilhas de Deus. Lucas 1 relata um milagre. Mas se você acredita em Gênesis 1, nada em Lucas 1 é muito difícil de acreditar.
Objeção nº 3: A Bíblia não fala muito sobre o nascimento virginal.
Esta objeção pressupõe que se a Bíblia não fala muito sobre alguma coisa, então não deve ser tão importante acreditar. Os únicos lugares no Novo Testamento que ensinam explicitamente a concepção virginal de Jesus são os Evangelhos de Mateus e Lucas. Mas os intérpretes não devem diminuir o que a Bíblia ensina olhando apenas para o número de vezes que a Bíblia menciona tal ensino. A importância da doutrina é estabelecida pelo seu peso, não exclusivamente pela frequência. O peso da concepção virginal é “pesado” – ou importante – porque pertence à pessoa e à natureza de Cristo.
Na sua Teologia Sistemática, Millard Erickson escreve que: “se a Bíblia nos diz que isso aconteceu, é importante acreditar que aconteceu porque não fazê-lo é um repúdio tácito à autoridade da Bíblia. Se não mantivermos o nascimento virginal apesar do fato de a Bíblia o afirmar, então comprometemos a autoridade da Bíblia e não há, em princípio, nenhuma razão para nos apegarmos aos seus outros ensinamentos. Assim, rejeitar o nascimento virginal tem implicações que vão muito além da própria doutrina.” [1]
Objeção nº 4: A história do nascimento virginal emprestada de mitos antigos
Essa afirmação é comum. A ideia é que os mitos antigos formam o pano de fundo a partir do qual os escritores dos Evangelhos contaram a história do nascimento virginal. E, segundo a lógica, se os escritores dos Evangelhos se basearam em mitos antigos, então a concepção virginal de Jesus é simplesmente mais um mito e não deveria ser acreditado. Existe substância nesta objeção?
Embora existam histórias de Zeus, pai de Hércules, e de Apolo, pai de Asclépio, essas histórias não são como as que encontramos nos Evangelhos. Os mitos gregos envolvem atos sexuais entre deuses e mulheres. Não é isso que os Evangelhos de Mateus e Lucas ensinam. Como explica John Frame: “Não há nenhum paralelo claro com a noção de nascimento virginal na literatura pagã, apenas de nascimentos resultantes de relações sexuais entre um Deus e uma mulher (dos quais não há sugestão em Mateus e Lucas), resultando em um ser meio divino e meio humano, o que é muito diferente da cristologia bíblica. Além disso, nenhuma das histórias pagãs situa o evento na história datável como o relato bíblico faz.” [2]
Objeção nº 5: Deus agiu sobre Maria sem o consentimento dela
Alguns leitores da Bíblia perguntam-se como é que a vontade de Maria se enquadra em toda a situação da concepção virginal. Um anjo aparece e anuncia que ela encontrou graça diante de Deus e que conceberá e dará à luz um filho (Lucas 1:30–31). No resto do encontro, ouvimos a pergunta de Maria (1,34, “Como será isso…?”), mas também a sua confiança no plano do Senhor: “Eis que sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1:38). De acordo com Lucas 1:38, Maria acolheu a vontade do Senhor. Ela seria a serva designada, aquela que daria à luz o menino Jesus.
Além de observar a disposição e submissão de Maria ao Senhor, devemos também observar o caráter do Senhor nas Escrituras. O Senhor não é como uma de suas criaturas caídas. Quando Deus revela sua vontade e plano, ele o faz como um Deus de caráter perfeito. Sempre que Deus age, inclusive quando age para com Maria, ele o faz de acordo com seu caráter justo e puro.
Objeção nº 6: Você pode ser cristão sem acreditar no nascimento virginal
Um cético em relação ao nascimento virginal poderia dizer: “Acredito que Jesus morreu na cruz. Eu acredito que ele ressuscitou dos mortos. E posso ser cristão sem acreditar no nascimento virginal.” Mas devemos pensar nas implicações de negar a concepção virginal de Jesus. Se a Bíblia ensina a concepção virginal, deveriam os cristãos professos manter uma postura que nega o que a Bíblia ensina?
Quando alguém se torna discípulo de Jesus, inicialmente não saberá tudo o que conhecerá e aprenderá. É assim que o discipulado funciona. Alguém pode se tornar cristão sem compreender a doutrina do nascimento virginal? Certamente. Mas o que um cristão desejará fazer é submeter-se e receber humildemente o que Deus revela nas Escrituras, especialmente a revelação sobre a pessoa e a obra de Cristo. Portanto, gostaríamos de dizer ao cético: pode alguém afirmar que segue a Cristo enquanto nega firmemente o que a Bíblia ensina sobre este Cristo?
Mitch Chase é pastor na Kosmosdale Baptist Church, em Louisville, e professor de estudos bíblicos no ‘The Southern Baptist Theological Seminary’
TRADUÇÃO: equipe Projeto Castelo Forte
NOTAS
[1] Millard Erickson, Christian Theology, 2nd ed. (Grand Rapids: Baker Academic), 771. Emportuguês você encontra como ‘Teologia Sistemática’, publicada pela Vida Nova, aqui
[2] John Frame, “Virgin Birth of Jesus,” Walter Elwell, ed. Evangelical Dictionary of Theology (Grand Rapids: Baker, 1984), 1143-45.