Sermão pregado na noite de Domingo, 19 de Março de 1876.
Por C. H. Spurgeon,
no Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.
Publicado em 28 de Abril de 1904.
“E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio Senhor! Ajuda a minha incredulidade.”
Marcos 9:24
Este é um caso de um homem que sabia muito bem o que queria e que estava cheio de aflição para obter o que pedia. De fato, ele estava tão aflito para obter isto que orou com a maior seriedade e insistência. Ele orou para a Pessoa certa, pois, depois que os discípulos falharam, ele recorreu ao próprio Mestre deles. Ainda assim, apesar de tudo isso, no momento abordado no nosso texto, o homem de nossa passagem não tinha obtido a bênção que procurava.
Nós provavelmente conhecemos pessoas que ainda não foram despertadas para um senso da sua necessidade – e muito trabalho deve ser feito pelo fiel ministro, de forma a mostrar-lhes o perigo e fazê-los entender a sua verdadeira situação diante de Deus. Elas têm várias necessidades espirituais, mas não sabem quais necessidades são essas. Esse homem havia ido além disso, pois ele sim sabia qual era a maior necessidade dele e de seu filho.
Existem outros que têm conhecimento de sua necessidade espiritual, porém eles não aparentam estar aflitos para que essas necessidades espirituais sejam satisfeitas. Eles são insensíveis, desinteressados, imóveis. Esse não era o caso deste homem. Ele sabia que precisava que seu filho fosse curado. Ele estava intensamente impaciente para que seu filho fosse curado, e fosse curado naquele momento. Seu coração foi comovido com compaixão por seu filho e estava muito ansioso para que o espírito imundo fosse expulso de uma vez. Existem alguns de nossos ouvintes que aparentam ter um certo desejo, mas não usam isso da maneira correta. Eles vão procurar salvação onde esta não pode ser encontrada. Eles são, até certo ponto, vigorosos em seu desejo, mas o Senhor fala para eles como já disse outrora: “por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?”.
Este homem já havia ido um estágio além disso. Ele estava direcionando todas as suas petições para Jesus – ele estava suplicando para o grande Senhor de onde unicamente poderia vir a libertação. É uma grande misericórdia, meus queridos amigos, vocês serem levados tão longe quanto este pobre homem foi –saber o que você realmente necessita, estar ansioso para recebê-lo – e a estar suplicando para Jesus conceder seus pedidos. Mesmo assim, apesar de tudo isso, esse homem não havia obtido a dádiva que estava buscando. Existem muitos como ele que não tem obtido a benção que procuram. Você tem ciência do seu pecado e lamenta por isso, mas você não consegue ter o senso de perdão. Você sabe de suas necessidades espirituais e as lastima, mas você não alcança aquilo que as satisfaz. Você fez um apelo para Deus por meio de Jesus Cristo e está decido que nunca irá esquecer o seu apelo, porém, no meio de tudo isso, você até agora não recebeu sua bênção. Existe uma coisa ou outra no caminho, algo que impede você. E eu imagino, não, tenho por quase certo; aquilo que impede alguns de vocês de receberem o que procuram em Cristo é a própria incredulidade de vocês. Este é o ponto em que almejo no meu discurso, se Deus me ajudar. E eu oro para que enquanto eu falo os corações de muitos possam confessar e chorar: “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade”.
- Existem três coisas no nosso texto. A primeira é A DIFICULDADE PRESUMIDA E A REAL DIFICULDADE.
Lendo o texto cuidadosamente, percebi que esse homem via dificuldades na cura de seu filho, mas ele nunca havia considerado a dificuldade real. Ele imaginava que a dificuldade estava no caso de seu filho. Suas palavras para Cristo: “se Tu podes fazer alguma coisa”, parecem implicar que ele pensava: “esse é um caso bem diferente dos que acontecem frequentemente – algo especial e único – e, desta maneira, fora do Seu poder”. Se eu puder interpretar seus pensamentos, é a minha opinião que ele disse para si mesmo: “este é um caso muito misterioso para ser resolvido. Um espírito maligno emudeceu o meu filho, e o mesmo espírito o faz espumar pela boca e ranger os dentes. Esses mesmos órgãos que se recusam a pronunciar uma fala articulada, estão, todavia, estranhamente se movimentando. Ele também parece estar possuído por este espírito em alguns momentos, caindo aqui e ali, sem poder dizer como, e, às vezes, ele é lançado ao fogo e outra hora, na água. É um mal misterioso e possivelmente, por ser misterioso, não está no controle do Messias”.
Conheci alguns que pensaram que seu caso era espiritualmente muito misterioso. Eles imaginaram que havia alguma coisa sobre sua constituição, ou pior, que alguma extraordinária culpa trouxe sobre eles uma condição do coração que é peculiarmente depravada. Eles presumiram que esse estado do seu coração os coloca debaixo do banimento do pecado imperdoável e que os outros devem ter cuidado ao se aproximar deles, pois sua condição é tão estranha, tão singular, tão selvagem, que eles não saberiam o que pensar ou dizer de si mesmos. Algumas vezes eles estão quentes e no fogo. Mas em outras vezes, frios, e na água – sem voz para orar ou adorar, mas capazes de amaldiçoar e blasfemar. “Ah,” diz um desses, “meu caso é tão misterioso que nem mesmo o Senhor Jesus Cristo será capaz de me salvar.”.
Muito provavelmente, também, o pai pensou que a enfermidade do seu filho era muito violenta para ser curada. Ele estava destruído naquele momento e perturbado como se seu pobre corpo pudesse se dissolver nos átomos que o compunham. Ele não podia ser mantido ou contido – nenhum comando ou controle poderia ser exercido sobre ele, pois o demônio o carregava, com uma influência irresistível, por onde queria. O pobre pai poderia verdadeiramente ter dito, “Olhe para ele. Eu o trouxe na presença do próprio Cristo, e aqui ele está espumando no chão, sendo despedaçado pelo demônio! E agora que o espasmo passou, ele jaz aqui como se estivesse morto – e alguns dizem que ele realmente está morto”.
Não me surpreendo se estiver me dirigindo a um homem que pensa que a dificuldade relativa à sua salvação está no fato de que suas paixões são tão violentas e ferozes. Possivelmente, ele diz, “Eu me mantive sóbrio por meses, mas, de repente, parece que o demônio da bebida me dominou e eu tive um terrível ataque de bebedeira até que um delírio trêmulo tomou conta de mim”. “Ah,” fala outro, “eu lutei contra um hábito viciante que eu tinha formado e pensei que o tivesse dominado, mas, ai de mim, quando a tentação veio novamente até mim, parecia que eu tinha tanto poder quanto um floco de neve tem de resistir ao vento que o leva – e eu fui levado instantaneamente pelos impulsos malignos”. Alguns homens tem uma inclinação característica ao mal, por culpa do ímpeto do seu caráter – assim era com Sansão, ainda que ele tivesse a salvadora Graça da fé. Tais homens são, talvez, fortemente desenvolvidos nos tendões e músculos de seu corpo, mas, certamente, eles o são nas paixões e impulsos de suas almas. Você pode aprisioná-los com grilhões e correntes, mas as mais fortes amarras são como as meras cordas foram para Sansão. O demônio aparenta ser absolutamente supremo sobre eles, quando exerce seu poder. Não me surpreendo, portanto, se eles pensarem que a dificuldade, no caso deles, está na violência e brusquidão do seus pecados. Mas não é a verdade.
Talvez este pobre pai pensou que no caso de seu filho, a dificuldade estava no fato de que seu filho era um sofredor há muito tempo, mesmo desde a sua infância. Na resposta à pergunta de Cristo, “Quanto tempo há que lhe sucede isto?” ele disse, “Desde a infância”. Então um homem muitas vezes diz, “o pecado é produzido nos meus ossos e irá sair na minha carne. Minha própria natureza é corrupta. Quando eu era apenas uma criança, eu amava pecar, e desde então, por toda minha juventude e vida adulta, eu tenho ido atrás do pecado avidamente – e isso se tornou um hábito que é firmemente fixado em mim. ‘Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.’” Tais pecadores sentem como fossem mergulhados e encharcados em soda carmesim até não restar nenhuma esperança de tirar a mancha deles. Eles têm caminhado para longe de Deus desde sua juventude – como podem ser trazidos para perto Dele?
Porém sabemos que a dificuldade não estava no caso da criança de forma alguma, pois Jesus era capaz de expulsar o demônio e Ele o fez. E se aquela criança fosse possuída por uma legião inteira de demônios em vez de por um só, Jesus Cristo poderia, com uma única palavra, expulsar todos eles! Não importa quanto tempo o demônio estivesse possuindo a criança, nem quão veemente e impetuoso ele fosse, Cristo poderia expulsá-lo quando bem quisesse. E neste momento, meu caro amigo, sua vida passada, seus pecados, suas corrupções naturais, seus vícios herdados, seus hábitos malignos os quais tem se fortalecido em você, não são a real dificuldade. O Senhor Jesus Cristo “pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus” Ele mesmo disse, “todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens”.
Portanto não me importo o quão ruim seu caso possa ser – pode ser até pior do que eu ousaria imaginar – pode existir uma criminalidade secreta sobre ele que o define por si só como uma incomum e singular ofensa contra Deus! Mas isso não é a dificuldade no caminho da sua salvação. Cristo pode facilmente escrever “liquidado” no fim da longa dívida dos seus pecados – não é mais difícil para Ele escrever esta palavra tanto no fim de uma longa lista quanto de uma lista curta! Deus pode fazer tão prontamente de você uma nova criatura em Cristo Jesus – quaisquer que tenham sido os seus pecados – como se você estivesse vivendo uma vida estritamente moral. Você está espiritualmente morto de qualquer forma – e é somente Ele quem pode lhe dar vida. Você está perdido de qualquer jeito e o Bom Pastor pode tão prontamente achar a ovelha perdida que estava longe demais quanto a outra que estava logo ali na parte de fora, na porta do aprisco, pois Ele é Todo Poderoso e, portanto, capaz de todas as coisas! Desta forma a dificuldade não está aqui.
Talvez, todavia – não, nós sabemos que era isso – o pai pensou que a dificuldade estava no Próprio Jesus Cristo. Ele aparentava dizer “Eu fiz tudo o que posso pelo meu filho. Eu o trouxe para os Seus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo. E agora eu o trago a Você. Se Você puder” – mas ele mal havia pronunciado essas palavras antes que o Senhor Jesus se dirigisse a ele, usando uma expressão grega peculiar, que não pode ser totalmente traduzida para o inglês, mas pode funcionar como algo assim – “O se tu podes” – que é exatamente a palavra grega – “Se tu podes crer tudo é possível ao que crê”, é o mesmo que falar “O se tu podes não está em Mim. Oh, não! O se tu podes está em você”. Ele toma as palavras do homem e arremessa de volta para ele! Ouso falar que homem pensou: “se os seus discípulos não podem curar meu filho, de qualquer forma, o Mestre deles não o faz. Ele tem visto o quanto ele está afligido. Se Ele o pudesse fazer, certamente, Ele falaria de uma vez ao meu filho: ‘seja curado’. Mas lá está Ele, parado e falando comigo, como se isto não fosse um caso de urgente necessidade! Deve ser a falta de poder de Sua parte que o impede de curar meu filho”. Mas Jesus Cristo não deixaria algo como isso ser falado sem mostrar que não é verdade. E, irmãos e irmãs, se vocês nutrem no seu coração qualquer ideia de que existe uma carência de poder no Senhor Jesus para salvá-los, vocês estão acreditando na mentira mais abominável e difamando o Todo Poderoso Salvador! A dificuldade, no seu caso, não está nem no pecado nem no Salvador. Ele é capaz de perdoar as maiores transgressões concebidas de todos que acreditam Nele e Ele é capaz de quebrar e renovar o mais duro coração, mesmo que este seja tão duro quanto o aço ou como a mais dura pedra de moinho!
- Agora devemos considerar, em segundo lugar, A EMOTIVA DESCOBERTA – “Eu creio Senhor! ajuda a minha incredulidade.”.
Qual foi a sua descoberta? Sua descoberta foi de que ele não cria – e ai é onde a verdadeira dificuldade estava. Quando o homem fez essa descoberta? Quando ele começou a acreditar! Não é uma coisa muito extraordinária que tão cedo quanto ele teve pequena fé no Senhor Jesus Cristo, ele descobriu o grandioso abismo da sua incredulidade? “Senhor,” ele diz, “Eu creio, mas oh! eu também desacredito tanto que minha incredulidade parece engolir minha fé!” Até que um homem receba a fé, ele pode pensar que ele a tem – mas quando ele tem a real fé em Jesus Cristo, então ele estremece ao pensar ao quanto de tempo ele viveu na descrença – e percebe o quanto de incredulidade ainda está misturada com sua fé! Existem muitos de vocês que nunca acreditaram na salvação de suas almas, mas ainda falam, “Oh, sim, nós acreditamos na Bíblia! Nós acreditamos em Deus. Nós acreditamos em Jesus Cristo”. Você se levanta na igreja e diz “Eu creio em Deus Pai Todo Poderoso, Criador dos Céus e terra” e assim por diante, mas você não acredita em nenhuma das coisas desse tipo! Se você acreditasse, seria salvo, já que o verdadeiro crer em Jesus Cristo traz a salvação para todo aquele que crê. Enquanto os homens não tem fé alguma – repito o que acabo de falar – enquanto os homens não tem fé alguma, eles estão inconscientes de sua incredulidade, mas tão logo recebem um pouco de fé, então eles se tornam conscientes da grandeza de sua descrença! Quando o cego recebe um pouco de luz nos seus olhos, ele percebe parte da escuridão das trevas em que estava vivendo – e então você deve ser capaz de dizer do seu coração: “Eu creio, Senhor” ou então você nunca será capaz de orar, como esse homem orou, “ajuda minha incredulidade”. Mesmo uma pequena quantidade de fé é necessária para descobrir a grande medida de incredulidade.
Este homem, tão logo descobriu sua incredulidade, ficou angustiado e alarmado com isto. Ele não podia olhar diretamente a Cristo e falar “Senhor, eu não acredito em Ti, mas eu não posso evitar”. Não, ele estava angustiado por isso. Ele sentiu o quão terrível é ser um incrédulo e apelou a Cristo, confessando sua incredulidade, dizendo, “Senhor, me ajude a sair deste estado, eu Te imploro”. Atente para como ele voltou toda sua atenção para aquela única razão: a sua incredulidade – ele nem mencionou o seu pobre filho! Seu filho estava, sem dúvida, ainda nos seus pensamentos, mas a sua oração não era a respeito de seu filho, mas a respeito de sua própria descrença, pois ele enxergara qual era a dificuldade que precisava ser removida. E quando Deus, na sua infinita misericórdia, visita um pobre e turbado coração e concede mesmo que uma pequena fé em Jesus Cristo, a sua grande aflição é a respeito da incredulidade restante, pois o coração percebe que este é o maior de todos os pecados – a mais terrível de todas as pedras de tropeço – e é, certamente, o maior obstáculo para a entrada dos homens para o descanso de seus corações e para a vida eterna!
Agora, olhem, todos vocês que estão buscando Cristo, mas dizem que não conseguem ter paz. A dificuldade está aqui – se você pode crer, todas as coisas são possíveis para você! Mas é porque você não crê que você ainda permanece onde está.
Deixe-me mostrar o que é isto que você não crê. Você diz que Cristo não pode te salvar. Então você acredita que a Onipotência – que você não se atreve a dizer que “não Onipotência” – encontrou pela primeira vez algo a seu páreo! Olhe para esta afirmação face a face – que o Eterno Filho de Deus tem diante de Si uma tarefa que Ele não pode cumprir! Em outras palavras, você não acredita na Onipotência de Deus, porque, se Ele é Onipotente, Ele deve ser capaz de salvar você.
Em segundo lugar, pecador, quando você diz “Jesus não pode me salvar” você roga um insulto no Seu precioso sangue. Você permanece, na sua imaginação, aos pés da Sua Cruz, e você O vê sangrando a Sua Própria Vida, mas ainda assim você diz, “O mérito deste sangue é limitado. Eu sei que é, pois não pode redimir o meu pecado.”. Você está pisando no sangue do Filho de Deus e o afirmando como profano ao declarar que o seu pecado é maior que o Seu Infinito Sacrifício!
Novamente, depois de derramar Seu sangue pelos pecadores, Cristo voltou para o Céu – e uma grande parte de sua ocupação é fazer intercessões pelos transgressores. Mas você diz que a Sua intercessão não pode ser poderosa suficiente para salvar você, embora eu já tenha o relembrado que Deus disse “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”. Dizer sobre si mesmo “Cristo não pode me salvar”, ou falar sobre outro homem “Ele não pode salvar aquele homem”, é insultar Seu sangue e chamar de banal Suas eternas intercessões! Que maior crime pode existir que aquele de limitar o Santo de Israel – sim, de limitar Ele tanto quando sangrando na Cruz quanto assentado em Seu trono? Conjuro-os, senhores, a sentir o maior do horror apenas por pensar em serem culpados de tal crime contra o Senhor Jesus Cristo! Deus declarou que “o que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. O apóstolo João, escrevendo debaixo da inspiração do Espírito Santo, declara, “e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”. Se então, você falar “Mas não pode purificar o meu pecado”, você chama de mentira a mais solene das Revelações e promessas da Misericórdia Divina! Você tem intenção de fazer isso? Oh, quão frequentemente devemos lembrar que se vocês tem esta intenção, ou não tem, é isto que é que vocês estão fazendo? Lembre-se do quão amavelmente João escreve “Quem não crê em Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca de seu Filho”.
Além de insultar o Filho quanto à eficácia de Seu sangue e insultar o Pai a respeito de Sua veracidade – tenha paciência comigo, pecador, por trazer essas graves acusações contra você – e como Deus é paciente com você, você pode muito bem ser paciente comigo enquanto eu o lembro de seu pecado! Você também insulta o Espírito de Deus pela sua incredulidade, pois você disse “O Espírito de Deus não pode regenerar meu coração. Ele não pode me levar ao arrependimento, Ele não pode me conceder fé”. Contudo, o Espírito, o Pai e o Filho, são o próprio Deus – Infinito e Todo Poderoso. É um grandioso pecado para alguém dizer “O Espírito não pode me regenerar. Não existe esperança para mim”.
É possível que você, pobre e desesperado pecador, pense que seu desespero comprova que você é humilde? Não é dessa forma. Desespero é uma das coisas mais orgulhosas no mundo, pois se atreve a dizer ao Todo Poderoso Espírito de Deus que Ele não pode – Ele não pode –salvar! Eu imploro a você, não o diga! Todavia, se você possui fé o suficiente para crer que Jesus é Onipotente e que existe infinito valor no Seu sangue e Sua intercessão – que o Pai é verdadeiro e que Suas promessas serão cumpridas e que o Espírito de Deus é capaz de empreender tamanha mudança no seu coração que as coisas antigas passarão e todas as coisas serão feitas novas – então esteja preocupado em pensar que deve existir alguma incredulidade restante em você, e chore com lágrimas, como este homem fez “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade”.
- Agora chega nosso terceiro ponto – O APELO INTELIGENTE
O homem havia visto onde a dificuldade estava. Ele havia descoberto sua própria incredulidade e agora ele se volta para Jesus e clama “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade”. Cuidadosamente note os termos da oração do homem registrados no verso vinte e dois – “mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos”. Veja aquela palavra, “ajuda”. E, agora, quando ele está convencido de sua incredulidade, olhe para sua oração: “Ajuda minha incredulidade” – a mesma palavra que ele havia usado anteriormente. Na sua primeira petição, olhando seu pobre filho rolando no chão, ele clama, “Ajuda-nos!”. Mas agora ele fora ensinado melhor e diz, na realidade, “Senhor, eu entendo que é um trabalho fácil para Ti expulsar um demônio, mas a dificuldade é que eu não estou acreditando, e isso levanta obstáculos a Ti, Senhor. Ajuda-me a crer, pois isso é que é necessário”. Recomendo a alguns de vocês, em vez de orar “Senhor, dê-me a sensação de perdão de pecados. Dê-me um novo coração. Dê-me o sentir que o Senhor me ama” – ore essas orações, frequentemente, mas por agora, ore assim “Senhor, ajude-me a crer. Senhor, me dê fé. Senhor, expulsa a minha incredulidade”. Direcione suas orações para aquele único ponto – pois é este que lhe está faltando. Incredulidade é a grande pedra que jaz na porta do seu coração e isso que previne que esta porta seja aberta!
Note que a oração desse homem fora inteligentemente dirigida para o Único, a quem, ele acreditava, podia ajudá-lo. Ele aparenta dizer para si mesmo “Se Cristo pode ajudar meu filho a ficar curado, então Ele pode me ajudar a crer”. Acredite nisto, pecador, e peça para que Ele o ajude a crer! Sua oração era dirigida ao Único em quem ele acreditava, em certa medida, pois ele não teria orado para Cristo ajudar sua incredulidade se ele não tivesse acreditado que Cristo o poderia fazer. E ele disse “Eu creio, Senhor”. Ele era uma mistura esquisita de fé e descrença – e assim estão vocês, meus caros amigos – e eu os convoco, com a pequena fé que vocês têm, se você crê que Cristo pode salvar outras pessoas, vá até Ele e implore-O que arranque de você a incredulidade a qual ainda está escondida dentro de você! A maior razão do porque você não tem paz com Deus – a razão porque você não encontrou o consciente prazer da vida eterna – é a sua falta de fé! Você necessita que sua incredulidade seja expulsa.
E irei terminar meu discurso mostrando a vocês que não existe ninguém a não ser o Senhor Jesus Cristo quem pode ajudar a nos livrar da incredulidade e advertindo a você que pegue a sua incredulidade, e todos os seus outros pecados e os confesse a Cristo como pecados e peça que Ele o possibilite a se livrar deles. Isso deve possibilitar você a enxergar como Jesus Cristo o ajuda a se livrar da sua incredulidade se você considerar Sua Natureza. Se você entende isso corretamente, isso será um golpe fatal na sua descrença. Quem e o que Jesus é. Você acredita – você sabe que sim – que Ele é “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro” – esse Jesus de Nazaré “que é Deus acima de tudo, bendito para sempre!”. Se você apenas pensar nesses dois grandes fatos, irá ajudar a crer Nele. Você não pode confiar sua alma nas mãos de Deus? Ele não é capaz de salvá-lo? Ele não é capaz de perdoar-te? “O Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” porque Ele é Deus! Se eu tivesse um anjo mandado para ser meu salvador, eu não teria crido nele. Quando qualquer homem falar que ele pode perdoar os meus pecados, eu não irei acreditar nele, pois eu sei que ele é um mentiroso e um ladrão, tentando roubar de Deus a Sua prerrogativa. Quando Jesus Cristo, o Filho de Deus, diz que Ele pode me salvar, eu não consigo encontrar nenhuma razão paranão acreditar Nele – e não acredito que você pode me sugerir qualquer razão! Incredulidade é a coisa mais irracional, mas a fé é a mais racional e certa. Como Cristo é Divino, minha inferência natural é “então, eu vou crer Nele”.
Além do mais, nosso Senhor Jesus Cristo é Homem assim como é Deus – e Homem tal como o mundo nunca viu e nem verá. Você leu a história de Sua vida. Você já ouviu falar de algum outro homem tão gentil, tão afetuoso, tão verdadeiro, tão bondoso, tão cheio de carinho, tão desejoso de viver e morrer por outros? O que? Não acreditar Nele? Oh, parece-me que não posso evitar crer Nele! Certamente, desde que conheci meu abençoado Senhor e Salvador, eu senti como se pudesse falar a Ele, assim como Davi o fez :“os que conhecem o teu nome confiam em ti”. Filho de Deus e Filho do Homem, Sua própria Natureza colabora para banir nossa incredulidade e, tão logo que nós entendemos isto corretamente, sentimos que nossa incredulidade é uma coisa não natural, ilógica e ímpia!
Pense também, por alguns minutos, nos Seus muitos ofícios. Nosso Senhor Jesus Cristo tem milhares de ofícios, mas há um no qual eu especialmente amo permanecer. Ele é um Salvador – Ele “veio ao mundo para salvar os pecadores”. Muitas pessoas imaginam que eles não podem ser salvos por serem pecadores, mas isto é a exata razão pela qual eles podem ser salvos. Você lembra como Martinho Lutero coloca isto? Ele disse “O diabo veio até mim e disse ‘Martinho Lutero, você é um grande pecador. Você é tão grande pecador que não pode ser salvo. ’” Lutero respondeu “Eu vou lhe dizer o que farei Satanás – cortarei sua cabeça com a sua própria espada, porque eu sou um pecador – e sei que sou. E desde que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar pecadores, eu creio que Ele veio para me salvar – e eu tenho confiado minha alma a Ele por todo tempo e eternidade”. Um médico não vem para curar aqueles que estão sãos – ele naturalmente busca os doentes – e um Salvador não vem para salvar aqueles que não necessitam de salvação! Ele vem para salvar pecadores, assim sua pecaminosidade, em vez de ser uma desclassificação, é, falando amplamente, uma qualificação! Assim como a sujeira é uma qualificação para se ser lavado – como a pobreza é uma qualificação para se receber esmolas – a doença, para medicamentos, assim seu próprio pecado e vileza são qualificações para o trabalho da Graça de Cristo em você! Estou usando expressões que alguns irão achar incomuns, contudo, estou falando a absoluta Verdade de Deus. Não ajuda a remover a sua incredulidade ouvir que Jesus é “poderoso para salvar”?
Pense, em seguida, na angústia a qual Cristo suportou quando Ele Se ofereceu como o grandioso Sacrifício de expiação pelos pecados do seu povo. Nunca fui capaz, nem por um instante, de acreditar em nenhum limite ao valor da Expiação oferecida por Cristo no Calvário. Parece-me beirar a blasfêmia supor que se o próprio Deus encarnou-Se, sofreu, sangrou, morreu, que possa haver qualquer valor menor que infinito na Expiação que Ele oferece. Assim então, pecador, como é infinita, pode cobrir o seu caso! Como é sem limites, não pode ser colocado um limite no que se refere a você! Olhe para Cristo na Cruz e você não ousará dizer “Ele não pode salvar-me”. Saiba o que Ele é e quem Ele é – veja como Ele sofre, como o Pai o mói e ainda como o Pai o ama durante todo o tempo – e você deve dizer “O sangue de Cristo deve ter suficiente poder em si para tirar toda à culpa de todo o que confia Nele”. E é isso! Acredite e isso vai lhe ajudar a afastar sua incredulidade.
Lembrem também, caro amigos, que quando Cristo morreu na Cruz, Ele não estava elaborando um esquema banal de salvação. Foi uma sublime iniciativa que O tirou do Seu Trono nos Céus e O trouxe para a manjedoura em Belém. Foi um empreendimento divino que fez com que Ele deixasse o cetro de lado e suportasse ter grandes pregos trespassando suas mãos. Foi um plano grandioso e, portanto, incluiu um grandioso pecado, grandioso perdão e grandiosa salvação! Então, se você é um grandioso pecador, você cumpre a escala geral de todo o plano – o qual é de tão grandiosa proporção que pode envolver até você!
O plano de Cristo em morrer, também, deve ajudá-lo a matar sua incredulidade. Por que Ele morreu? Não era para que a Livre Graça de Deus pudesse ter total cumprimento e grande alcance? E não terá total cumprimento se você está salvo e não existe grande alcance em a misericórdia perdoadora chegar até você? Lembrem-se, caros amigos, nosso Senhor Jesus Cristo nunca pensou que valeria a pena Sua vinda dos Céus para dar glória a um homem – Ele veio do Céu para trazer glória a Deus ao reivindicar Sua justiça e Sua manifesta Misericórdia! Agora, se um grande pecador como você – você que se vê mau demais para ser salvo – se você for salvo, que demonstração da Graça Divina será o seu caso! Um homem me disse, há algum tempo atrás: “se eu algum dia chegar ao Céu, senhor, então creio que eles irão me carregar pelas ruas e me exibir com uma maravilha da misericórdia de Deus”. “Ótimo então,” eu respondi “eles terão que me carregar por toda parte também”. Suspeito que toda alma salva no Paraíso é uma grande maravilha e que o Paraíso é um vasto museu de Graça e misericórdia – um palácio de milagres no qual tudo irá surpreender a todos que entrarem lá! Foi bem dito que existirão três surpresas no Céu – primeiro, poderemos não ver alguém que pensávamos que encontraríamos lá. Depois, nós encontraremos alguns que nunca pensávamos que poderiam estar lá. Mas a maior surpresa de todas será encontrar a nós mesmos lá! Acredito que assim será – não que ficaremos surpresos com isso, quando lembrarmos a promessa de Deus e o que Ele fez por nós – mas ficaremos maravilhados quando lembrarmos o que costumávamos ser e o que a Graça de Deus teve que fazer em nós para nos tornar adequados para estar lá. Bem, se você é um desses que será carregado pelo Paraíso como uma maravilha da misericórdia, acredito que você é provavelmente a pessoa que tem maior probabilidade de entrar lá – pois Deus deseja que os anjos e todos os remidos vejam as maravilhas de Sua Graça demonstrada em nós que cremos!
Terminarei com este pensamento. Se, pobre alma, é a sua falta de fé que impede o caminho da benção que vem até você, e se sua falta de fé é vergonhosa para você já que têm chamado Deus de mentiroso, o convoco a se arrepender disso e acreditar em Deus aqui e agora! Se você ainda falar “Não sei como acreditar e não posso confiar”, não ousarei tentar perdoar você por dizer isto. Incredulidade é o maior de todos os crimes – não sei de nenhum que é páreo a ela. Mas se você realmente quer ajuda para lutar contra sua incredulidade, você não poderia ir à Cristo para isso? Mesmo enquanto você está pensando sobre Ele, você acreditará Nele! Se você necessita crer em Seu sangue, pense sobre seu sangue. Se você necessita crer Nele como vivo e amável Salvador, pense nele como um vivo e amável Salvador. “A fé vem pelo ouvir”. Quando você está ouvindo sobre isso, pensando sobre isso, lendo sobre isso, o Espírito Santo irá produzir fé na sua alma! Oh, receba fé, ainda que não receba qualquer outra coisa! Quem sabe Deus possibilite você a exercer fé salvífica em Jesus Cristo antes que você se levante de seu assento, para que, nesse mesmo prédio, você não tropece na morte e no inferno!
Será que preciso pedir a vocês, senhores, milhares de vezes, que acreditem na Verdade de Deus? Devo, repetidas vezes, dizer a vocês como Jesus disse aos judeus “Mas, porque eu digo a verdade, não me credes”? Se Cristo não é digno de ser crido, então Ele é um mentiroso. Se Cristo não é digno de confiança, então Ele é nomeado erradamente. Oh, não nos leve a inferir que você pensa assim Dele! Confie sua alma em Suas mãos neste momento e resolva isso, de uma vez por todas, por amor de Seu Nome. Amém!
EXPOSIÇÃO POR C. H. SPURGEON
MARCOS 9:2-29
Versos 2-6: E seis dias depois Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles; E as suas vestes tornaram- se resplandecentes, extremamente brancas como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia branquear. E apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, é bom que estejamos aqui; e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias. Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados.
Irmãos e irmãs, assim como esses discípulos de nosso Senhor, nós ainda não estamos prontos para sermos abençoados com um vislumbre de Sua Glória. Assim como estamos agora, não conseguiríamos suportar. Como nosso poeta diz – “Na luz que a tudo transporta, trevas avançam sobre minha visão”.
Esses três Apóstolos de Cristo também estavam perplexos para saber o que falar. Eles estavam bem perdidos e, suponho que se nós pudéssemos ir para os Céus como somos agora, nosso assombro seria muito maior que nossa felicidade! Mas podemos descansar seguros de que Deus irá nos preparar para o que Ele tem preparado para nós.
7,8: A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela uma voz dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. E, de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com eles, senão Jesus.
E embora não tenha sido uma visão tão arrebatadora e assombrosa, ainda assim foi algo mais encorajador para eles – algo que eles poderiam facilmente suportar com prazer e paz – “a ninguém mais viram com eles, senão Jesus”. Que Deus nos conceda, enquanto estivermos aqui embaixo, que se Moisés ou Elias nunca nos visitem, que Jesus nunca se apartará de nós! Que a nossa comunhão com Ele seja inquebrável!
9,10: Ao descerem do monte, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos.
Lá estavam Pedro, Tiago e João – os três mais privilegiados discípulos de Cristo – provavelmente os melhores estudiosos na classe a qual teve o próprio Senhor Jesus Cristo como Professor. Ainda assim Sua singela linguagem não tinha significado para ele – “perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos”. Questiono-me se, quando o Senhor voltar pela segunda vez, nós descobriremos que as profecias relacionadas à Sua vinda eram maravilhosamente claras, mas não as poderíamos entender até que Ele viesse. Singelo como Seu ensino sobre a Sua ressurreição era, Seus discípulos não puderam entender até que aquele grandioso evento realmente ocorresse.
11-13: E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? Então, ele lhes disse: Elias, vindo primeiro, restaurará todas as coisas; como, pois, está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será aviltado? Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito.
João Batista havia vindo, no espírito e poder de Elias, e restaurara as coisas e preparara o povo para a vinda do Salvador, cujo arauto era ele.
14-15: Quando eles se aproximaram dos discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles. E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava.
Alguns vestígios da glória na montanha ainda restavam na Sua face, e as pessoas estavam maravilhadas. Então, embora profundamente interessados na batalha que estava acontecendo entre os escribas e os discípulos, eles os abandonaram e se viraram para ver o misterioso esplendor que pairava em Sua fronte.
16: Então, ele interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles?
As circunstâncias dos discípulos assemelhava-se a um campo de batalha no qual o inimigo estava ganhando o dia e as tropas fiéis estavam prontas para morrer derrotadas – quando, de repente o grande Comandante se apresenta para seu alívio. Sua Presença vale mais que milhares de batalhões de homens – e Ele repreende de uma vez o adversário e os coloca a desbaratar! “ele interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles?”.
17: E um, dentre a multidão, respondeu.
Um que tinha um motivo especial para responder, assim como creio que exista um nesta multidão diante de mim que terá uma razão especial para escutar minha mensagem e uma razão especial para lembrar-se dela depois que eu a entregar– “E um, dentre a multidão, respondeu”.
17-19: E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam. Então, Jesus lhes disse: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo.
Suponho que a repreensão do nosso Senhor era dirigida especialmente para Seus discípulos. Era como o discurso que um estudioso que, tendo ensinado seus pupilos a mesma lição muitas vezes, e trabalhando duro com eles, ano após ano, ainda os encontra falhando nas mesmas questões elementares do conhecimento. Cristo não fala como se Ele estivesse cansado da Sua vida e desejasse sair de perto de Seus discípulos – mas é a Sua forma de dizer quão decepcionado Ele está, pois esses estudantes aprenderam tão pouco.
“Até quando vos sofrerei? Trazei-mo”. Essas palavras golpearam meu coração com muita violência enquanto eu as lia – “Até quando vos sofrerei”. Não tem o Senhor Jesus Cristo com muita coisa de cada um de nós? Apliquei Suas palavras a mim mesmo e pensei tê-lo escutado dizer “Por quanto tempo terei que ficar com você? Por quanto tempo o sofrerei?”. Frequentemente, Ele deve sentir mais dor do que prazer na comunhão com muitos de Seu povo. Quão entristecido Ele deve frequentemente ficar ao ver sua lentidão em aprender, sua prontidão em esquecer e a dificuldade com que vivem as lições que Ele tão cuidadosamente os comunica! Então perceba que Sua ação é em relação à pobre criança – “Trazei-mo”.
20: E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência.
Tão logo Cristo o olhou, “o espírito imediatamente o agitou com violência”. Um olhar de Cristo acorda o demônio! Por vezes pecadores pioram, por um tempo, quando Cristo olha para eles. O demônio sempre tem uma grande ira quando ele sabe que seu tempo é curto. E ele se enraivece e se convulsiona mais violentamente quando está perto de ser expulso. Os judeus tem um provérbio “Quando a conta de tijolos é dobrada, Moisés aparece” [alusão a êxodo 5:18] e o fazemos em um provérbio da Escritura “Quando o tormento do diabo é dobrado, então Jesus aparece para expulsá-lo”.
20: caindo ele por terra, revolvia-se espumando.
E Jesus, em vez de o curar de uma vez, deu primeiro atenção ao outro paciente diante dele, a saber, o pai da criança. Ele estava sofrendo de uma doença igualmente má, entretanto os sintomas eram diferentes – e Jesus desejava curá-lo assim como seu garoto!
21-22: Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
Ele se colocou no mesmo nível de seu filho e essa é a melhor forma de orar por sua criança – “Tem compaixão de nós e ajuda-nos”. Será compaixão de você assim como de seu filho, se o Senhor o salvar!
23: E Jesus disse-lhe:
Atentando-se às suas palavras “Se tu podes”.
23-29: Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê. E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé! Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele. E ele, clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo? Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum].
Existem algumas coisas que não podemos fazer até que nós tenhamos nos aproximado muito de Deus e tenhamos sido profundamente quebrantados e, com sincero arrependimento e a graciosa operação do Espírito Santo, tenhamos sido purificados para receber tão grande presente. Fé somente não irá realizar tudo. Fé deve ser acompanhada de oração, e oração deve ser, pelo menos algumas vezes, em ocasiões especiais, realizada com jejum. O Senhor faz reservas de Suas misericórdias, as quais Ele não concede imediatamente. Mesmo em uma petição de fé, Ele requer esforço de nossa parte e um exame e purificação no coração antes que a benção seja concedida.
FONTE:
Traduzido de http://www.spurgeongems.org/vols49-51/chs2881.pdf
Tradução: Augusto Magalhães
Revisão : Juliana Pellicer Ruza
Capa: Armando Marcos via Canvas.com
Uma publicação
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1° Edição: fim de Setembro de 2016
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